sexta-feira, 22 de julho de 2011

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Ainda faltavam quatro dias para aula. Seria no primeiro período da segunda-feira. Ainda era quinta. Digitou o título da aula no nome do arquivo do documento de texto. Ainda gastou longo tempo centralizando o título na folha virtualmente em branco, escolhendo a fonte, o tamanho dos caracteres. Com muito êxito, conseguiu evitar as consultas pasmódicas às suas redes sociais, à caixa de entrada da única conta de e-mail que mantinha. Imaginou-se um crítico – melhor... um opositor, a resistência – do sistema quando decidiu fechar o navegador de internet para melhor se concentrar na tarefa que tinha proposto para a noite da sua quinta-feira.

Contudo duas ou três das suas convenientes divisões de consciência acusavam-no de hipócrita por achar que apenas por querer ignorar por algumas horas o seu navegador de internet ele seria melhor do que todos aqueles que estariam confessamente empanturrando-se de vidas alheias.

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2 comentários:

* Leticia * disse...

O impressionante é que tudo aquilo que faz bem também faz algum mal!
A utilidade algumas vezes se torna inútil! Aquilo que por muito tempo manteve me perto de tudo aquilo que eu prezava hoje é motivo de uma luta interna e totalmente promissora dentro de mim. Manter contatos. Ao menos posso ter uma longa conversa com meu amigo Alexandre sobre frutas de panetone e sobre alguns monstros que mantenho escondido no meu quintal!!

Beijos Ale!! ótimo texto!!

Carcere Privado disse...

Hoje eu mandei um e-mail pra uma conta errada de um amigo. Não existia mais. Caramelux, esse era o nome. Antes de ler isso. E ele tem uma só conta de e-mail!