quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Tubaína, cerveja na roupa e latinha no pé

Roupa nova, cabelo cortado, sorriso no rosto e família no carro. Mais um pouco e... pronto: muito beijo no rosto, muitos braços de abraços no corpo, muitos “como vai você?”.
Terminada a formalidades, parto para a demonstração das habilidades com a lata, marcando com estacas o tamanho exato do gol no portão do vizinho. Somos nós, meninos e meninas, irmãos pitchucos e primos pirralhos, correndo na imensidão de uma rua sem-saída com a saída até nossos corpos cansarem. E a tarde anda e o relógio voa, e é esconde-esconde, duro ou mole, pega-pega, ou, de novo, futebol sem bola com latinha. Lá dentro, com os adultos, o samba rola, jovem rebola a guarda, o sertanejo come, o forró arrasta e a tia chora... de tanto rir das palhaçadas do tio.
Se entro na casa, é com a única intenção de comer, rápido, um pão com lingüiça e engolir um copo (mentira; uns três copos!) de tubaína funada. Levo no caminho uns três chutes na bunda de um tio, respondo que “a escola vai bem” para uma prima crescida, e saio antes mesmo da porta terminar seu movimento de abertura, se é que ela estava fechada.
E vamos indo até a lua chegar, as histórias diminuírem, os olhos dormirem, o primo cochilar e para casa os pais desejarem ir.
Mais uma festa, mais um dia alegre, mais uma noite que dormirei bem.


Descrição rápida, simpática e nada idealizada daquilo que, para mim, deveria continuar sendo mais um evento corriqueiro na minha vidinha: reuniões de família. Natal, ano novo, férias de verão, carnaval, páscoa, dia das mães, dos pais, feriados ensolarados, aniversários de irmãos, primos, tios, da vó, da mãe, do pai, churrascos do nada, festinhas pra tudo.
E, no entanto, onde está a unidade familiar? Talvez na pluralidade dos equívocos e desentendimentos, bem como confusões e precipitações, da vida.
Tributo à família, órgão vivo e agonizante, e todas às suas feições genealógicas. Que um dia as pessoas possam ser felizes juntas, uma, de novo, e em família!


Felicidades Eternas e, nos vemos.

*algumas dicas: entrem no blog do Anderson e leiam o texto datado do dia 13 de outubro (muito bom) e no blog da Milene que é o último dos links de blogs. Vale a pena conferir!

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Revelando-me para o mundo

Estando às voltas com um trabalho muito interessante, li um livro que me esclareceu muitas dúvidas sobre a escrita e leitura virtual. Por esse motivo, gostaria, mais uma vez, de refletir sobre os motivos que levam as pessoas a fazerem weblogs.

“Quarta-feira, 08 de Maio de 2002.
::Perdida no Paraíso. Uma estranha no Paraíso::
Segundo o Strange Little Boy, só existem dois tipos de adolescentes que cultivam blogs. O primeiro tipo são os adolescentes que pretendem fazer faculdade de publicidade. O segundo são os adolescentes deprimidos. Eu não sou exatamente uma adolescente. Sou uma garotinha de vinte anos, um pouco deprimida e que por enquanto não pensa em fazer faculdade nenhuma. (...)”

Este fragmento foi tirado do extinto blog http://perdidanoparaiso.weblogger.com.br/

No entanto, como de costume, eu pergunto: hoje, quase no final de 2005, apenas adolescentes que pretendem fazer publicidade ou que estão deprimidos fazem blogs? Apenas adolescentes fazem blogs? Perguntas de respostas óbvias...
É interessante notar como esse fenômeno, chamado por muitos de diário virtual, tem-se alastrado rapidamente. Não me admira se, no Brasil, já estivéssemos na casa dos milhões de blogs. Mas quem são os criadores desses novos tipos de diários? Para quem se escreve? Para quê se escreve? Quem os lê? Seria exibicionismo dos autores? Exposição de reflexões introspectivas demais? Debate de idéias puramente? Troca de emoções?
As minhas justificativas para a criação desse blog já foram apresentadas no texto de abertura. Contudo, hoje não estou tão convicto se os objetivos que tracei para essa empreitada eram os que eu queria (e vejam que comecei com esse troço há pouco mais de um mês). O que de fato me levou, e nos leva, a criá-los? Necessidade do outro?
Espero que os amigos que influenciei e por quem fui influenciado a fazer um blog esclareçam essas dúvidas. A exposição da vida na internet é um assunto sério e exige reflexão.

Felicidades eternas e, nos vemos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Um pequeno texto para registrar um grande momento!

Amor por tempo suficiente para ser feliz

50 anos de um amor louco e incontrolável. Quantos milhões de beijos não umedeceram a minha boca sempre sedenta por uma paixão! Quantas milhares de noites pensando em maneiras de te fazer feliz? Quantas centenas de ocasiões solenes nas quais o nosso amor foi proclamado alto e publicamente! Quantas dezenas de vezes que te quis e não pude te ter ao meu lado. Qual será a minha próxima oportunidade de amar por 50 anos eternamente?
Formamo-nos em Letras e Zootecnia em 2009. Exercemos nas mais diversas instâncias as profissões que escolhemos ainda em 2004, quando, praticamente ainda crianças, prestávamos vestibular. Passamos, paralelamente a esses 50 anos de relação, pelas mais diferentes posições sociais: desde a confortável proteção financeira dos pais até o bem- consolidado patrimônio estruturado pelo suor do nosso trabalho.
Viajamos muito! Desde as intermináveis conversas filosóficas no parque Duque de Caxias até as grandes altitudes da Ásia. Conhecemos não só as belezas naturais do Brasil como também os corredores obscuros do pensamento do outro.
Nossos filhos hoje se apresentam pelo mundo. O mais velho mantem acesa a sua curiosidade pelos números e pela ilogicidade da lógica; a caçula vira o país a viajar com a sua companhia de teatro. 30 anos para um e 28 para a outra está bom para você? Já não são mais crianças há muito tempo!
E nós? Nós continuamos na estrada do envelhecimento ainda, e como sou feliz por isso, apaixonados, com saúde, e prontos para seguirmos como um casalzinho recém-formado.
Lembro-me do nosso primeiro aniversário de namoro: éramos ainda estudantes. Impressionante pensar que da jovem e lindíssima moça que você era, floresceu essa senhora deslumbrante por quem me apaixono todos os dias. Gostoso recordar os tempos malucos de juventude nos quais fomos felizes apenas por valorizar as complicações da vida.
Um ano de namoro naquela época me parecia muito, mas hoje vejo o quão rápida é a vida e como eu queria que esses nossos 50 anos de amor tivessem demorado as suas convencionais 5 décadas e não os apressados 365 dias!



Natalia Mitiko Aono,

eu te amo.


Guilherme Arantes - Êxtase

Eu nem sonhava te amar desse jeito
Hoje nasceu novo sol no meu peito

Quero acordar te sentindo ao meu lado
Viver o êxtase de ser amado

Espero que a música que eu canto agora
Possa expressar o meu súbito amor

Com sua ajuda tranqüila e serena
Vou aprendendo que amar vale a pena
Que essa amizade é tão gratificante
Que esse diálogo é muito importante

Espero que a música que eu canto agora
Possa expressar o meu súbito amor

Eu nem sonhava te amar desse jeito
Eu nem sonhava te amar desse jeito

Eu nem sonhava te amar desse jeito
Eu nem sonhava te amar desse jeito


Obrigado, caro leitor, pela leitura dessa declaração de amor. Se virem a moça citada nos escritos, avisem-na de que eu a amo e de que estou procurando por ela para abraçá-la.

Um ano de namoro com quem amo! Sem comentários.



Felicidades Eternas e, nos vemos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Putz, Puto, Pop, Punk

1,84m de altura, 70 Kg de peso (ou seja, magro e alto). Essa é a primeira descrição que se pode fazer de Caramelo, um moço que ainda não é homem e um rapaz que tampouco é moleque.
Certo dia, ele foi numa balada. Mentira; ele foi à balada nos dias certos, errados, duvidosos e confusos. Desde algum tempo ele pontua a sua vida com diferentes agitações noturnas. Na última semana, no entanto, ele saiu cinco vezes. Número, diriam os seus conhecidos, surpreendente, pois ele é um moço calmo e, até certo ponto, caseiro.
Na primeira saída, Caramelo foi ao Café Cancun. Local de curiosa decoração: iguanas subindo pelas paredes, troncos fincados ao chão, música, durante uma boa parte da noite, latina, mulheres tontas pelos infindáveis giros que faziam numa cadeira de barbeiro, coisa de barman (mecanismo interessante para misturar a bebida pinga-da dentro da boca).
Na festa seguinte, Festa Brega, no Campinas Hall, evento que agitou a comunidade universitária de Campinas, o nosso rapaz viu a grandiosidade de uma balada temática: dois grandes ambientes, música do sertanejo ao já passado hit “gasolina”, jovens loucos bêbados e, é claro, cenas iminentes de sexo. Festa divertidíssima, pena que Caramelo esqueceu-se de estar lá.
Evento duplo: teatro cult e vanguardista num quarto escondido, num sebo fechado, nas proximidades do centro de Santo André; balada de alto nível, com banda de bom som, numa casa nobre na cidade do ABC Paulista. Caramelo aproveitou cada minuto dessa noite, dançando, cantando, conversando, chorando (de amor), andando etc.
Por fim, e para terminar em grande estilo, o rapaz, praticamente baladeiro, para variar a faixa etária dos ambientes que freqüentava, foi ao show do Guilherme Arantes ver as tiazonas verterem lágrimas com “Amanhã” e expurgar dos olhos o “Êxtase” que o dominava.
Caramelo terminou essa seqüência de eventos confuso com o seu estar no mundo. Ele não se identificou com nenhuma das tribos que conheceu nesses ambientes. Contudo ele adorou ir a todos esses lugares. Estranho, não?
Questionou a juventude e a maturidade, terminando por optar por nenhuma das duas. Agora ele procura alguém que lhe explique a confusão dos seus sentimentos, a insegurança da sua personalidade e a volatilidade de suas sensações. Pergunta-se constantemente se todo jovem é assim ou se é apenas uma frescura sua. Ele sabe o número de variáveis que constituem tal situação: amor longe, planos apenas projetados, não querer pelo não gostar, querendo, muitas vezes, pelo agradar.

Termino, contudo, sem o fim. Prefiro não adotar, nessa narrativa, a convenção de resolver os conflitos, situações-problema, do meu personagem central. Resolva quem puder, quem quiser.

Felicidades Eternas e, nos vemos.