domingo, 31 de outubro de 2010

IDENTIDADE: PARTE I (dos 10 aos 20)

Futebol - Jovem Guarda - Fernanda Porto - Harry Potter - Biquini Cavadão - Titãs - Paralamas - Skank - Circuladô de Fulô - Senhor dos Anéis - Los Hermanos - 89FM Raimundos - The Calling - Hoobastank - Nintendo 64 - Santo André - Fantástico - FHC - LULA.

De modo geral, bem pouco consistente, perigosamente eclético, toscamente vencedor.

Nos vemos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Estão todos convidados



Os alunos Colégio Renovação, Unidade Indaiatuba, promoverão na próxima quarta-feira, dia 27, a 1ª MOSTRA LITERÁRIA da cidade. As turmas organizaram intervenções artísticas partindo da leitura de obras clássicas da Literatura, como Peter Pan, Mágico de Oz, ou Alice nos país das maravilhas.

As apresentações terão início às 19h30min., e prometem surpreender a plateia num misto de deslumbramento estético e interatividade.

Embora os alunos estejam muito ansiosos, não tenho dúvidas de que será um belo espetáculo. Já está sendo...



Nos vemos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UMA REVOLUÇÃO

- Então é isso? Acabou?
- Por tudo que conversamos até agora, acho que sim...

Fechou a porta e saiu. Ainda foi possível ouvir a porta do elevador se abrindo. Fiquei na posição da qual havia dito as últimas palavras.

- Então é isso? Acabou?

A impressão que tinha era que se permanecesse parado, conseguiria materializar a minha raiva. Levantei-me, espalmando com força as duas mãos no sofá. Queria ser ouvido, embora não houvesse ninguém no apartamento.

Andei impaciente pela sala. Quando me convenci de que meu sofrimento não seria notado, fiquei com mais raiva ainda. Pensei em entrar no msn, para banalizar minha história na tela de algum desocupado. Desisti. Precisava de algo grande. Maior. Uma revolução!

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Liguei o aparelho de som da sala. Nem escutava a música. Queria apenas o barulho. Aumentei o volume o máximo possível. O relógio marcava 17h34min. Fui até meu quarto. Quase tropecei nos três pares de calçados largados na porta. Liguei o som de lá também.

Liguei as músicas do celular. Pluguei o mp3 em umas caixinhas de som de computador. Coloquei o pc no volume máximo. Soquei dezenas de peças de roupa na máquina de lavar. Sete bananas no liquidificador. Taquei todos os talheres no chão.

Não queria que meu sofrimento fosse sustentável.

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Comecei a gritar. Queria que minha garganta arrebentasse de dor por conta da potência do grito. Não era o suficiente...

Desci pelas escadas do prédio ligando todos os interruptores. Disparei a sirene de três andares. Na portaria, mandei o Seu José tomar no cu.

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Lá fora, ainda era dia... as buzinas dos carros faziam meu prédio parecer em completo silêncio...

A revolução fora abafada.

Nos vemos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010



"MÚSICA P/ CORTAR OS PULSOS"

Não esperava ser recebido pelo Marcos de “Tudo que é sólido pode derreter”. Ao final da peça, percebi que havia me enganado. Não era o Marcos mesmo, nem o Victor, era o Ricardo! Também pensei ter visto a Theresa. Outro engano: sempre foi a Isabela; em alguns momentos, certamente era a Mayara. Ainda havia o Felipe. Prazer em conhecê-lo! Prazer em conhecê-los!

Sai do Sesc na noite fria do domingo absolutamente preenchido, e inspirado. “Música p/ cortar os pulsos” levou ao palco tudo aquilo que subjetivamente mais conta na vida das pessoas: música, divagações sobre sentimentos, “palavras”, “sentimentos”,” gestos” etc. Tudo construído pela honestíssima atuação de três jovens talentosos atores. Não que eu disponha de mecanismos técnicos para avaliá-los. Falo pela completa emoção que me causaram ao longo de todas as dez cenas da peça. Como disse, fui para ver a Theresa e o Marcos; acabei encontrando outras pessoas, com quem sinceramente gostaria de tomar um café para ficar fazendo perguntas aleatórias apenas pelo prazer de ouvir suas respostas.

O cenário e as luzes também me impressionaram demais. Foi delicioso ser surpreendido várias vezes pelo curioso jogo de luzes que nos remetia para os pensamentos, as sensações e as lembranças das personagens.

Ao final do espetáculo, fiquei muito contente em fazer parte de uma platéia que reconheceu a beleza do que havíamos presenciado. As palmas alongadas eram o mínimo que poderíamos dar.

SESC PINHEIROS
07 A 17 DE OUTUBRO
SITE: http://musicaparacortarospulsos.blogspot.com/


Nos vemos.

sábado, 9 de outubro de 2010

O VELHO E O MAR

Não gosto muito de livros que se pretendam uma ajuda para seres humanos emocionalmente desesperados.

Os "auto-ajuda" me perdem como leitor exatamente por conta de seu objetivo principal. Ora, se estou emotivamente me estraçalhando, deixem-me sozinho. Fiquem os livros longe de mim, e o cinema, e a música - até a música, por que não? - e principalmente as pessoas.

Hemingway, com o pescador Santiago, protagonista desta obra de 1952, parece ter caminhado conscientemente próximo do gênero auto-ajuda. Santiago, contudo, não se dirige ao leitor. Segue sua luta constante, interminável, contra o peixe de que precisava e que amava ao mesmo tempo. Os mais de 500 kg de peixe pescado não serviriam apenas como produto vendido e transformado em dinheiro, o qual poderia ser usado por três ou quatro meses. O peixe era um animal que evidenciava seus traços de humano.

Santiago não olhou para mim. Por isso, ignorou qualquer tipo de conflito pequeno-burguês que por ventura minha existência cotidiana durante a leitura pudesse conter. O pescador seguiu tentando abater o peixe, depois protegendo-o dos tubarões - ainda que sem sucesso. Não encontrei no livro qualquer vestígio de acolhimento ou mensagem. Apenas a persistência maquinalmente humana do velho Santiago.

Ainda bem. Assim posso voltar ao livro sem medo.

Nos vemos.

sábado, 2 de outubro de 2010

Eleições de Domingo

Encontrei com um senhorzinho. Tentei meu primeiro emprego na firma dele aos 14 anos. Ele negou, justificando que eu não tinha o perfil do mecatrônico. Na época, não gostei muito, mas hoje até que faz sentido, né... Ele me disse algumas palavras sábias escolhidas ao longo dos seus 71 anos de idade. Segundo ele, todos os dias à noite ele senta para estudar, ler, aprofundar-se na sua área de trabalho...

A: Por que, seu Ferrari?
S.F.: A vida é trabalho, sempre e pra sempre. Se todos os brasileiros estudassem um pouquinho todo dia, hoje, as eleições de domingo não seriam um problema. Esse país é naturalmente rico. Somos nós, os brasileiros, que o empobrecemos...
A: (pensando)...
S.F.: Quer tomar uma latinha de cerveja?

O apelido dele é Amarelinho. Ele estava conprando uns tomates para o jantar com a mãe. Às 19h, entraria na metalúrgica aqui perto de casa para trabalhar. Eu costumava jogar nintendo 64 futebol com ele.

A: 15 anos de firma, Amarelo?
Amarelinho: É... por aí. Com a crise, ela pediu concordata... mas agora parece que vai... nunca vi tanto trabalho por lá!!!
A: Será que é o Lula?
Amarelinho: Ah, é!!! Domingo é Dilma pra continuar com isso! E você?
A: (pensando) ...

Fui alugar uns filmes. Fui atendido pelo próprio dono da locadora.

Dono da locadora: Você quer algum título específico?
A: Olá! Filmes sobre 2ª guerra...
Dono da locadora: Leva esses aqui! Você já viu vídeos dos festivais no youtube?
A: Alguns...
Dono da locadora: Já viu o Geraldo Vandré? E "Roda Vida" do Chico?
A: Esses, não...
Dono da locadora: Vai lá... digita lá... "'Disparada', Jair Rodrigues", "'Cálice censurado'"... Depois você fala o que achou...
A: Beleza! E os dois filmes? Quando eu devolvo?
Dono da locadora: Vou colocar para o próximo sábado...
A: Hahaha... tá bom!

Nos vemos.