segunda-feira, 26 de maio de 2014

Asian Dub Foundation: Indaiatuba recebeu o melhor show da Virada!

Era meia-noite em ponto, do dia 25, quando os caras do Asian Dub Foundation subiram no palco da virada Paulista, em Indaiatuba! Pouquíssimos propagandeados, não fizeram cerimônia: quase uma hora e meia de um show incrível!

Eu não conhecia o som dos caras, mas fiquei impressionadíssimo com as inúmeras misturas que as músicas promovem! Hip Hop, psicodelia, rock, jungle, eletrônica e ainda outros elementos que eu não tive competência pra perceber.

Pra não falar do fato de que os caras conseguem prender a plateia com uma ultra facilidade, misturando elementos como beat box e flauta, um vocalista que é a personificação moderna do Macunaíma (veja foto do vocalista feita pelo Pedro Nóbraga) e guitarra, baixo e batera de muito respeito!



O Asian Dub Fundation vai tocar no próximo dia 30 no Cine Joia, em São Paulo, com ingressos a partir de R$ 60,00… destaque-se que eles tocaram no Parque Ecológico de Indaiatuba de graça! Imperdível!





sábado, 17 de maio de 2014

Estou só esperando a escola terminar, para poder começar a ler de verdade!

Eu sei que a definição de uma lista de leituras obrigatórias para um vestibular do tamanho do processo seletivo da UNICAMP atende interesses que um professor de Literatura de ensino básico está longe de conhecer. Mas estou entediado com as 'grandes mudanças' anunciadas - como, por exemplo, se fez no última dia 30 de abril - que, no final, revelaram-se de pouquíssima valia para reestruturação do ensino de literatura no ensinos fundamental e médio.

Sem dúvidas, pensando nas universidades de São Paulo, a Unicamp parece mesmo sempre sair na frente no sentido da mudança. Também é inegável o fato de que não podemos atribuir somente a ela a responsabilidade pela evolução qualitativa do ensino de leitura no estado de São Paulo. No entanto, após 8 anos de lista unificada com a modorrenta USP, a manutenção de seis obras da lista anterior e, sobretudo, a adoção de apenas um livro de autor que ainda não morreu - ainda que seja o brilhante "Terra sonâmbula", do Mia Couto -, é frustrante, e de pouquíssima colaboração para criação de novas aulas, ou uma maneira diferente de se pensar a literatura nas salas de aula anteriores à universidade.

Apenas como exercício, se eu pudesse com uma 'canetada' alterar essa lista, proporia o seguinte:

- "A viagem do elefante", Saramago
- Qualquer coletânea de poemas da polonesa Wislawa Szymborska
- "1984", George Orwell
- "Wacthmen", Dave Gibbons
- Algum romance ou livro de contos dos novos e bons autores de literatura brasileira: Michael Laub, Luisa Geisler, João Gilberto Noll
- o próprio Mia Couto e suas "Terras sonâmbulas"
- "Ópera do malandro", "Gota d'água", Chico Buarque

Com essa lista, ainda que não fosse suficiente para promover grandes mudanças, tenho certeza de que teríamos mais gente lendo por gosto, e não por obrigação - inclusive professores!!! Se o problema é dinheiro, essas obras movimentariam cinemas, livrarias, sebos, feiras literárias, teatros,  venda de ebooks, blogs, youtube muitíssimo mais do que as obras que são adotadas desde que Caminha prestara vestibular!

Juntamente com as obras anteriormente sugeridas, não haveria problema algum em se mesclar com alguns clássicos, nem tão clássicos assim:

- Mantenhamos, por exemplo, a escolha de, "Negrinha", do Monteiro Lobato, que possui narrativas de tirar o fôlego
- Contos do Machado de Assis
- "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres", da Clarice Lispector
- Coletânea de poemas do Fernando Pessoa ou do Drummond
- Retornemos, por exemplo com a leitura de "Angústia", do Graciliano Ramos

Se o problema, contudo, for a possibilidade do sepulcral abandono dos clássicos, como professor de literatura, posso afirmar com absoluta tranquilidade de que os textos originais estão se comunicando com um número cada vez menor de jovens… Triste? Não! Apenas geracional! Ou, na pior das hipóteses, um conjunto de erros de gestão que apontam a leitura daquilo que nossa literatura tem de melhor de forma inconsequente, sem respeitar maturidade de leitura, condições de trabalho do professor, ou mesmo discussões que coloquem o jovem no centro da recepção dessas obras, e não seus pais, ou nós, profissionais utópicos e caducos da historiografia literária tupiniquim-brasileira-lusinata-mundial-de-todos-os-tempos-fim!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Crônica: A copa dos meninos

por Alê, Isabela Salvador e Rafaella Yurie Pucca

Quer saber... não quero mais saber de futebol. Pra todo lugar que olho, o assunto é sempre o mesmo: copa do mundo. Chega! Vou diminuir radicalmente o futebol na minha vida.

Não. Vou apenas diminuir. Melhor: vou cortar apenas o noticiário televisivo. Não! Informação sempre é bem-vinda. Vou eliminar o futebol da minha prática esportiva. Vou cortar o futebolzinho dos meus intervalos de aula. Não... vou deixar apenas o “fut” dos meus intervalos na escola. Nada de “pelada” no clube, de segunda, quarta e sexta à noite. Ali só os campeonatos de sábado e domingo. Se eu pensar bem, o melhor mesmo seria manter apenas o videogame; mas, para não abusar, eu poderia eliminar as partidas online.
         
Acho que posso suspender o futebol na tv nos domingos à tarde. Afinal de contas, o campeonato brasileiro tem intermináveis 38 rodadas, antes e depois da copa.

Não seria justo, contudo, não assistir à final da Champions League, tendo em vista o fato de que eu acompanho o campeonato desde do ano passado.

Na lista final, então, ficaria assim: a final da Champions, as partidas de Libertadores e Copa do Brasil de quarta e quinta à noite, o “fut” do intervalo, o videogame sem estar conectado e as partidas de campeonato do clube.

***

A quem eu quero enganar. Se eu quiser ser, de fato, um homem sério, de convicções, sem alienações, exageros ou afetações, devo eliminar tudo isso.

E os meus amigos? O que eles vão pensar de mim? Não tem problema. Nada de sentimentalismos. Não tem problema! Ou tem? Não tem! Não. Segundo meu pai, um homem vale pelas suas convicções. Nada de futebol, até essa coisa toda de copa passar! Está dito. E está feito!


Ps: quem tiver as figurinhas 71, 287 e 442, me manda uma mensagem pelo whattsapp, por favor...!

sábado, 10 de maio de 2014

Outro de Luisa Geisler



É o meu segundo livro da gaúcha Luisa Geisler! Também é o segundo livro dela a receber o prêmio SESC de Literatura - um em 2010 pela coletânea de textos "Contos de mentira", e "Quiçá", em 2011, na categoria romance!

Minhas expectativas eram altíssimas! E foram correspondidas! "Quiçá" conta a história da convivência entre Clarissa, uma garota de 11 anos, e seu primo Arthur, mais velho, que vem viver um ano letivo com os pais da menina, após tentativa de suicídio!

Fiquei impressionadíssimo com a estrutura do romance. A história é narrada em vários planos, alternando cenas entre os dois primos, flashbacks de um almoço de natal, e fragmentos curtos de reflexões existencialistas!

"Quiçá" faz um reflexão absolutamente sensível sobre a falta de comunicação entre pais e filhos, sobretudo quando se aponta a rebeldia adolescente como causa primeira desse conflito! Clarissa mostra ao leitor a ingenuidade poética da criança ao se deparar com aquilo que se apresenta como o não permitido, enquanto Arthur afirma o adolescente não como fonte permanente de incomunicabilidade, mas, sim, como instância capaz de perceber as fissuras existentes nas relações humanas.

O livro é lindo e altamente indicável, sobretudo para quem já é pai e está disposto a se aventurar por uma narrativa um pouco mais complexa!




domingo, 4 de maio de 2014

Sobre "O dia em que o Rock morreu", do jornalista André Forastieri


Terminei há pouco a leitura das últimas linhas. E o livro acaba assim:

"Chega de nostalgia. O Nirvana não importa. Perfeita harmonia é perfeita paralisia. Que os mortos enterrem os mortos. Faça você mesmo - faça AGORA".

Na obra, Forastieri discursa com muita lucidez sobre os grandes símbolos da música - de Beatles a Crumps; de Lou Reed a Hendrix; discutindo Raul, Amy Winehouse, MTV e o fim das revistas de música! Fala também evidentemente do Nirvana - banda pra quem ele dedica seis capítulos!

Pra mim, nascido no final da década de 80, os artigos do jornalista - escritos em circunstâncias muito diferentes e também para veículos diferentes - desfilaram como um documentário hiper relevante para entender exatamente a geração de que sou produto e as estruturas da era em que vivemos!

Existe melancolia, mas, em momento algum nostalgia, nas palavras de Forastieri. E o leitor acaba a leitura convencido de que, de fato, devemos ter notícias dos grandes acontecimentos e dos grandes nomes do século XX. Mas não podemos, em hipótese alguma, festejá-lo como o último momento de inteligência da humanidade dentro da música - na verdade, dentro de qualquer área que compreenda os domínios da ação humana!

Terminei a leitura pilhado pra ouvir um monte de coisas que deixei passar, mas sobretudo, motivado para viver as esquisitices de um mundo absurdamente diferente daquele narrado por Forastieri!

Pra quem se aventurar, BOA LEITURA!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Boys

Ela desviou da sua tentativa de beijo. Pretextou ir ao banheiro. Chamou as amigas e provavelmente não voltaria mais. Neto pegou o celular. Esperava encontrar uma mensagem de justificativa. Talvez enviada dali mesmo, do banheiro da balada. De fato, ele tinha 10 novas mensagens. Todas da sua melhor amiga, Júlia, perguntando de dez formas diferentes onde ele estava.

Pagou a comanda e dez minutos depois, já estava a dez quadras dali, estacionando o carro num posto pra beber um café de máquina, numa loja de conveniência.


***

Encontraram-se novamente por muitíssima coincidência na loja de conveniência.
- Por que você não quis me beijar?
- Não sei – ela tomou a direção da geladeira de energéticos.
“Faz dois anos que tenho tentado beijar você” – ele pensou em dizer; depois disse. - Eu realmente queria ficar hoje com você.
- Temos tempo. Se não foi hoje, poderá ser amanhã... quem sabe? – ela disse displicentemente sorrindo, pegando uma long neck de absolut.
“Acho que pra mim já chega” – ele pensou novamente em dizer, olhando pra ela absolutamente estilhaçado de amor. E então disse:   - Então amanhã a gente se vê?
- Se não for amanhã, poderá ser semana que vem. – Ela disse, já saindo da loja. A voz dela estava misturada a outras vozes e às músicas que explodiam janela à fora dos carros que estavam estacionados na frente da loja.

***

Não chegou a trancar o carro. Bateu a porta do quarto. Entrou pra dormir. Mas evidentemente não dormiu. Bebeu as cervejas que estavam na geladeira. Parou na frente do cartaz do filme “Her”, bêbado, mas incomodamente consciente. Desejou ter a namorada do filme.

Antes de cair na cama, ainda pegou novamente o celular para checar as mensagens. Duas notificações. Uma da melhor amiga. “Onde você tá, seu perdido?”; e outra dela. “Se não for semana que vem, ainda poderá ser...”

Deitou. Apertou o play do pc, sorrindo, e dormiu. Na playlist, uma única música: “Boys don’t cry”.