quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tô insinuando...

Em 1995, minha mãe dizia:

Ish... Quando eu cheguei aqui com o seu pai, não tinha nada... nem casas direito. Com muito trabalho, construímos esse sobrado. Depois veio outro, e outro, e outro...

Compramos carros, Kombs, carros e carros. Agora olha aí ó... é outra vila já... e nem estamos no centro da cidade, hein... aposto que em 2010 não vai dar nem pra ver o céu direito, de tanto prédio que vão construir aqui... Vão fechar a nossa paisagem. Já cortaram o pé de pitanga que tinha. Agora vão subir dezenas dessas caixas de sapato! Até 2010...

Ainda em 95, com minha cabeça de menino de oito anos, eu poderia dizer - não com essas palavras:

Os carros mover-se-ão levitando, por ação de forças eletromagnéticas. Nas escolas, anotaremos em cadernetas digitais e o professor, se quiser, poderá abrir um mapa da Itália no quadro.

Os prédios, onde todos morarão, serão interligados por elevadores inteligentes. Poderei com o toque de alguns botões, chegar na casa do meu amigo Felipe, da 1ª série. Controlaremos nossas casas por relógios-cumputadores.

Em 95, com a minha cabeça de hoje, escreveria:

Será um futuro Matrix, no qual ver algum raio de sol será um momento epifânico na existência de um indivíduo. A 3ª guerra mundial não destruirá a Terra porque ela será malignamente administrada para que sobrevivamos feito ratos.

Tudo será escuro, e podre, e feio. As pessoas boas não mais quererão se mostrar com medo de se transformarem em pessoas más. Muita fome, doença, intolerância, dor...


Ao final de 2010, contudo, podemos analisar imageticamente o seguinte aspecto, de tudo que foi dito:



Vista do quintal da minha casa, Santo André.

Nos vemos.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Olá, tenho uma amiga muito especial, uma prima, na verdade, que escreve algumas coisas. Gostaria de mostrá-las para vocês... Segue:

Dúvidas do amor
Mariana dos Santos

Amor,
Doce amor,
Azedo amor,
O que é o amor?
Amor, amor...
Amor que passa,
Amor eterno,
Quanto dura o amor?
Amor de sonho,
Amor real,
O amor existe?
Essas são duvidas que ficarão sem resposta,
Duvidas eternas,
Que sempre existirão.

Nos vemos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Listas - por que não fazê-las?

As múscias mais decisivas do ano de 2010. (Pra mim). Não na ordem.

"A day in the life", Beatles;
"Judy and the dream of horses", Belle & Sebastian;
"I fell it all", Feist;
"I hate seagulls", Kate Nash
"Noise James", Macaco Bong;
"The wold at large", Modest Mouse;
"Idioteque", Radiohead;
"The District Sleeps Alone Tonight", The postal service;
"1901", Phoenix;
"Eternal Sunshine - Peer Pressure / Elephant Parade (Piano)";

É evidente que esqueci músicas e artistas. O que fica escrito, contudo, é uma amostra bastante razoável, menos pela qualidade e mais pela representatividade.

Sugestões?

Nos vemos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Quase confissões de adolescente ou Página de currículo

"O inimitável", Roberto Carlos 1968. Não ouvi.
Os poemas de Petrarca. Não li.
"And I love her", Beatles 1964. Ouvi.
"Crepúsculo". Li.
"A bela e a fera", brodway. Não assisti.
Show Radiohead, Brasil 2008. Assisti.
Circo da Maramaravilha. Fui.
Curso de inglês Fisk. Fiz.
"Rebolation". Dancei.
Amigos. Fiz.
Discussões. Tive.
Carta de amor. Escrevi.
"Matrix". Assisti.
Black Label. Não tomei.
Formatação de computador. Não fiz.
Aula sobre Álvares de Azevedo. Já dei.
Soneca na rodoviária. Já dormi.
Panetone. Noss... comi.
Triciclo. Tive.
Alergias. Tenho.
Mulheres. Gosto.
Homens. São simpáticos. Alguns.
Roxo. Gosto.

Experiência. Tenho. Não tenho.

Nos vemos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Amor, amizade e morte – tudo misturado agora!


- Ele foi internado na noite de ontem. Parece que o carro em que ele estava capotou logo depois do segundo pedágio da Bandeirantes, voltando pra São Paulo...

- Mas você sabe se ela gosta de você? Ela já deu alguma pista?

- Faz um tempo que a gente não conversa, né...

- Ah... sei lá... acho que não. Mas é por isso mesmo que eu gosto dela. A beleza dela – em toda sua plenitude – existe naturalmente, sem uma razão prática.

- Faz...! Uns três meses, né...

- Isso é tempo demais dentro de uma vida!

- Mas e como ele está?

- Hahahahaha... para com esse papo, vai... Você já passou da idade de ter amores plantônicos!

- Engraçado... os amores pareciam acontecer mais quando eram apenas – não sei se “apenas” é a melhor palavra – platônicos.

- Mas hoje não funciona mais assim. Há interesse? Sim? Então pronto! Acabou! Vai lá, ficam juntos e ponto final.

- Mas acho que pra gente fica sendo uns três dias no máximo, não?

- Hahahahaha... É verdade! E aí? Comprou finalmente seu play 3?

- ... Eu sinto muitíssimo em dizer que ele faleceu, Alê...

- Mas e as cartas, as músicas, a espera, o ficar sem palavras?

- Guarde essas coisas para escrever um livro...


Nos vemos.
Modest Mouse

Ouvindo o disco This Is a Long Drive for Someone with Nothing to Think About, fiquei realmente impressionado com a sonoridade da banda americana Modest Mouse. Não que eu entenda de produção musical, mas o título do disco me pareceu bastante adequado aos 72 min. (aproximadamente) de melodias “quase” progressivas.

Destaque para as músicas finais: “Tundra/Desert”, “Exist does not exist”, “Talking shit about a pretty sunset”, “Make everyone happy/Mechanical Birds” e “Space traveling is boring”.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aos alunos, com carinho

Que sono! Agora o banho, a escova, a pasta. O pão, o chocolate, o leite, o panetone, as migalhas desastradamente espalhadas pelo chão. O carro, as ruas, o cachorro, os semáforos, as pessoas, e o sono de novo. A vaga, a portaria, a Jaque, o Paulo, os colegas, os armários. O sinal, o giz, o corredor, as salas, a lousa, o “bom dia de chapéu”. A Literatura, os livros, os escritores, as histórias. Por fim, o grande clímax de tudo isso, dia-após-dia, surpreendetemente inéditos, (pausa) VOCÊS!

Nas últimas semanas, o Brasil parece estar bastante empenhado na luta contra a violência na cidade do Rio de Janeiro. É nosso desejo que tudo se resolva da melhor forma possível por lá. Mas... e depois? Faltará resolver ainda o problema da violência em todos as outras cidades do país, e do mundo, e o problema da saúde, da habitação, da alimentação, da cultura e tantos outros, e tantos outros, e mais outros, e ainda outros que eu nem sei.

E o problema da educação... (pausa)?
Esse eu mesmo resolvo. Todos os dias. O tempo todo. Resolvo com o Tiagão, o L.G., a Ju, o Cadu, o João e com centenas de milhares de outros românticos e utopistas como eu. Esse, seis anos atrás, eu comecei resolvendo junto com a Mi e o Lelê, o Lego, que seguirá resolvendo tantos problemas ou mais que eu.
Felizmente não precisamos de olimpíadas ou copas para que nos mexamos. Vocês, pra mim, já são suficientes. Porque o almoço com vocês é produtivo, a bienal, a peça, as conversas, o show, o humor, o choro, as aulas, o plantão também. A Literatura de vocês, pra mim, já é clássica. O carinho de vocês e a presença, às vezes, e de agora em diante, até mesmo a ausência, já são suficientes.

Vou acordar hoje de novo. E amanhã também, e depois, e depois, e depois... Vou formar seus irmãos, e seus filhos, e seus netos, e seus bisnetos. Vou seguir acordando sempre cedo, e sempre todos os dias. Vou acordar não para garantir que vocês “descasem em paz”, mas para que vocês durmam tranquilos, e também possam acordar - talvez um pouco mais tarde do que eu - com a convicção de que um dia vivamos rodeados por todos os cantos de pessoas boas, exatamente iguais aquelas pessoas para quem eu acordei em todas as minhas manhãs de quarta-feira do ano de 2010!

Queridos alunos, meninos, muito obrigado!

*texto lido em cerimônia de colação dos aluns do terceiro ano de ensino médio do Colégio Fleming - Campinas.

Nos vemos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aula de Redação para 6º Ano

Meninos,

a vida é algo muito complexo.
Vão dizer que você deve estudar. Mas não é só estudar.
Vão dizer que você precisa sempre pensar duas vezes antes de agir. Mas às vezes é melhor não pensar. Em outras, nem agir é preciso.
Vão dizer “Não beba”. Mas muitos vão te convidar pra beber.
Vão dizer “eu te amo”. Meses depois nem “oi” pra dizer restará.
Vão dizer “Pense”. Mas vão fazer você não pensar.
Vão fazer você trabalhar, para você também não pensar.
Eles querem que você crie narrativas. Mas ninguém para de verdade pra escutar as suas histórias.
Eles querem que você tenha amigos. Mas você raramente vai vê-los.
Eles querem que você compre... isso nem é preciso dizer, né...
Vão viver você.
Vão fazer você viver.

Nos vemos.