sábado, 9 de outubro de 2010

O VELHO E O MAR

Não gosto muito de livros que se pretendam uma ajuda para seres humanos emocionalmente desesperados.

Os "auto-ajuda" me perdem como leitor exatamente por conta de seu objetivo principal. Ora, se estou emotivamente me estraçalhando, deixem-me sozinho. Fiquem os livros longe de mim, e o cinema, e a música - até a música, por que não? - e principalmente as pessoas.

Hemingway, com o pescador Santiago, protagonista desta obra de 1952, parece ter caminhado conscientemente próximo do gênero auto-ajuda. Santiago, contudo, não se dirige ao leitor. Segue sua luta constante, interminável, contra o peixe de que precisava e que amava ao mesmo tempo. Os mais de 500 kg de peixe pescado não serviriam apenas como produto vendido e transformado em dinheiro, o qual poderia ser usado por três ou quatro meses. O peixe era um animal que evidenciava seus traços de humano.

Santiago não olhou para mim. Por isso, ignorou qualquer tipo de conflito pequeno-burguês que por ventura minha existência cotidiana durante a leitura pudesse conter. O pescador seguiu tentando abater o peixe, depois protegendo-o dos tubarões - ainda que sem sucesso. Não encontrei no livro qualquer vestígio de acolhimento ou mensagem. Apenas a persistência maquinalmente humana do velho Santiago.

Ainda bem. Assim posso voltar ao livro sem medo.

Nos vemos.

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