sábado, 4 de dezembro de 2010

Aos alunos, com carinho

Que sono! Agora o banho, a escova, a pasta. O pão, o chocolate, o leite, o panetone, as migalhas desastradamente espalhadas pelo chão. O carro, as ruas, o cachorro, os semáforos, as pessoas, e o sono de novo. A vaga, a portaria, a Jaque, o Paulo, os colegas, os armários. O sinal, o giz, o corredor, as salas, a lousa, o “bom dia de chapéu”. A Literatura, os livros, os escritores, as histórias. Por fim, o grande clímax de tudo isso, dia-após-dia, surpreendetemente inéditos, (pausa) VOCÊS!

Nas últimas semanas, o Brasil parece estar bastante empenhado na luta contra a violência na cidade do Rio de Janeiro. É nosso desejo que tudo se resolva da melhor forma possível por lá. Mas... e depois? Faltará resolver ainda o problema da violência em todos as outras cidades do país, e do mundo, e o problema da saúde, da habitação, da alimentação, da cultura e tantos outros, e tantos outros, e mais outros, e ainda outros que eu nem sei.

E o problema da educação... (pausa)?
Esse eu mesmo resolvo. Todos os dias. O tempo todo. Resolvo com o Tiagão, o L.G., a Ju, o Cadu, o João e com centenas de milhares de outros românticos e utopistas como eu. Esse, seis anos atrás, eu comecei resolvendo junto com a Mi e o Lelê, o Lego, que seguirá resolvendo tantos problemas ou mais que eu.
Felizmente não precisamos de olimpíadas ou copas para que nos mexamos. Vocês, pra mim, já são suficientes. Porque o almoço com vocês é produtivo, a bienal, a peça, as conversas, o show, o humor, o choro, as aulas, o plantão também. A Literatura de vocês, pra mim, já é clássica. O carinho de vocês e a presença, às vezes, e de agora em diante, até mesmo a ausência, já são suficientes.

Vou acordar hoje de novo. E amanhã também, e depois, e depois, e depois... Vou formar seus irmãos, e seus filhos, e seus netos, e seus bisnetos. Vou seguir acordando sempre cedo, e sempre todos os dias. Vou acordar não para garantir que vocês “descasem em paz”, mas para que vocês durmam tranquilos, e também possam acordar - talvez um pouco mais tarde do que eu - com a convicção de que um dia vivamos rodeados por todos os cantos de pessoas boas, exatamente iguais aquelas pessoas para quem eu acordei em todas as minhas manhãs de quarta-feira do ano de 2010!

Queridos alunos, meninos, muito obrigado!

*texto lido em cerimônia de colação dos aluns do terceiro ano de ensino médio do Colégio Fleming - Campinas.

Nos vemos.

Um comentário:

Leandra Marcondes disse...

Ai!
por que você tem que escrever tão bem e tão emocionantemente bem? a ponto de fazer chorar.
Por que?
por que eu só fui te conhecer esse ano? e por que voce conquista tão rápido as pessoas?
são pessoas como você que deveriam ser eternas....
Eu falei isso para pra vocÊ, mais vou falar de novo...
OBRIGADA!
por me ensinar literatura, por me ajudar com meus pequenos problemas que parecem montanhas para mim, obrigada pelas dicas, pelos seus textos, pela companhia, por tudo, que pode parecer nada, mais significa muito...
obrigada..
e desculpa, pelas minhas chatices (eu reconheço que sou)por qualquer coisa e tal...
E, não pare, por favor.. continue a cuidar dos seus alunos... e tal...
isso, hoje, é meio utopia mesmo.. mais não desista da educação.. =D
obrigada Alê!
=D
beijos! até mais