quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Faculdade! Um lugar de gente estranha

Por ordem cronológica:

A primeira se diz japonesa. Chapinha no cabelo, orkut na ponta dos dedos. Ela me achou. Numa noite tempestuosa, na qual o breu apoderava-se das únicas formas que se dispunham a ficarem visíveis. Eu estava sem rumo, buscando o meu lar. Foi quando da escuridão sombria me surge essa heroína do mato. Essa pessoa de pés de lama, mãos de barro, jeito rude, mas carinho intenso. Com ela descobri a terra do nunca. E com ela dividi as dores de um amor que não se vê, que não se toca. Se ser capial é ser como ela, preferiria que o mundo todo fosse interior.

A segunda colocou-se desde muito cedo ao meu lado. Sabe, caro leitor, aquelas mulheres que você sabe que por serem bonitas demais nunca serão suas amigas? Era uma dessas. No entanto, sempre à noite, durante as aulas, fui conhecendo-na, ilustrando o desenho que fiz dela. Não consigo entender como ela resiste a todas as intempéries da vida sem arregar para nenhuma. Na verdade, mesmo que ela não sinta, acho que dela emana a verdade absoluta, ou pelo menos uma capacidade de visualizar a alma do outro nos seus pormenores. Incrível!

A última, e não menos importante, tem-me ensinado como é difícil manter uma convivência sem conflitos. É impossível, na verdade! Pequena, aparentemente meiguinha, travo com ela discussões interessantíssimas e outras também nem tão interessantes assim. Aprendi que sei ser grosso e como é difícil ter uma pessoa que saiba resolver os problemas práticos de um trabalho acadêmico com um cara “grosso” do lado. Ela mostrou-me os conflitos práticos do relacionamento humano. E devo admitir com um sorriso no rosto que muito tenho aprendido com ela. Amigona, mas pequena!

Três mulheres e uma criança. Hora eu, hora ela, hora elas, hora nós. Trabalhos de última hora muito bem e outros mal feitos, acabados. Problemas com horários; desabafos constantes; corda no pescoço (no nosso!); algumas lágrimas vertidas. Dor, fome, frio e angústia!
“Todos juntos somos fortes”. Mundos separados, fragmentados, que se encontraram. Hoje trabalham juntos uma amizade, ainda em princípio, linda e duradoura...
Conheço muito pouco de vocês. Mas o suficiente para já lhes ter um carinho imenso.

Felicidades eternas e, nos vemos.

Visitem a última atualização do blog do Bh. O link encontra-se nessa página.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Muito impressionado e aliviado! É assim que me sinto quando da leitura da peça literária que se encontra baixo. Espero que gostem!

Declaração pessoal dos direitos mundanos
De Rosana Hermann.

Eu quero o direito de desligar o telefone sem responder ‘quem era’. Quero fazer cara feia pra quem peida dentro da minha faixa aérea. Quero pular os capítulos chatos dos livros que leio. Quero comer a casca da pizza que meu vizinho deixa no prato. Quero o direito de não ser boazinha, simpática, singela. Quero poder brincar de vaca amarela. Quero distância de todo mundo que é chato.

Quero gargalhar e soluçar no cinema durante comédias e dramas, não necessariamente nesta ordem. Quero o direito de cantar as letras do Djavan, certas ou erradas, junto com o cantor, no show, na televisão, no rádio e até mesmo no karokê, esteja ou não na minha vez. Quero o direito soberano de impedir que me cutuquem para falar comigo. Nenhum ser humano pode ser invadido em suas fronteiras físicas, psíquicas ou espirituais sem consentimento prévio e sem acordo anterior para decidir se a invasão será na sua ou na minha casa.

Quero o direito de errar sem receber um alerta do Windows.Quero escrever no blog todo dia, toda hora, sem me justificar. Quero parar de escrever sem explicar. Quero decidir e voltar atrás, quero prometer para mim mesma e não cumprir, quero me perdoar sem intromissões. Quero decidir ficar dez dias sem Internet e voltar no nono, ou no quarto, ou no segundo dia. Quero poder dizer que não estou quando meu corpo se faz presente, porque para mim ‘estar’ não é só fisicamente.

Quero não-patrulhar e não ser patrulhada. Quero não julgar e não ser julgada. Quero não pentelhar e não ser pentelhada. Quero amar e ser amada. Quero gozar e ser gozada. Quero publicar este parágrafo estúpido sem ser censurada. Quero poder ser estúpida, tanto quanto quero o direito de ser bacaninha. Quero poder cumprir todos os meus compromissos, quero o direito de me esforçar para ser o melhor que eu posso. Quero praticar tudo o que me dá prazer com ou sem talento. Ou não.

Quero acabar esta crônica logo, quero tomar banho, quero ir trabalhar, quero produzir, quero ler os comentários, quero quero quero. Sou cheia de quereres mundanos. Sou louca por direitos, humanos.

publicado no site http://blonicas.zip.net/, dia 24 de novembro de 2005

Felicidades Eternas e, nos vemos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2005


Vestibulei! Agora, tô estudando...

"Como é a prova? Unicamp

- ela tem 12 questões dissertativas, duas de cada disciplina (matemática, física, química, história, geografia, biologia)
- uma redação
- a prova vale 120 pontos: 60 da redação e 60 das questões"

"Fuvest

Um vestibular mais interdisciplinar, mais enxuto e mais palatável é o que o candidato deve encontrar no processo seletivo deste ano da Fuvest. A afirmação é da diretora-executiva da fundação, Maria Thereza Fraga Rocco. ( Folha de São Paulo, 22/11/2005)"

Caminhava tranqüilo pelas calçadas do meu bairro. O final da manhã de domingo, dia este ensolarado, evidenciava o bater de folhas nas árvores, a caminhada dos aposentados, o final de expediente de quitandas e mercearias e lanchonetes.
Quando cheguei na escola, percebi-me ainda muito adiantado. A procura por um rosto conhecido, pois, foi inevitável. No entanto, esta só veio terminar muito tempo depois quando ao me chatear com o calor demasiado, fui obrigado a procurar abrigo nas sombras das árvores.
Gente atrasada fazendo gritaria na frente da escola, 12 questões dissertativas e uma redação cuja forma, carta, dissertação ou narração, ainda deveria optar. Naquele momento, incrível foi pensar que deveria resumir os esforços de três anos em quatro horas. Mas assim o fiz; e confesso que, para mim, frente a um caminho tão lastimoso de provas e mais provas, não poderia ter havido início melhor.
Depois vieram as Fuvests, as Vunesps, segundas fases, terças-feiras e esperas angustiadas, nas quais nem me considerava um secundarista, nem um vestibulando, nem um universitário. Perdi minha identidade para compor-me depois.
Maldito seja o vestibular, porta pequena pra casa grande, ingresso ridículo para um espetáculo grandioso. Das coisas que usei na prova, sobraram-me apenas memórias dispersas e fórmulas esparsas.
E hoje, um ano depois do meu processo seletivo, vejo tudo se iniciar novamente, entretanto agora me encontro na posição de expectador. [tom jocoso] “disserte sobre meios de transporte”. “Mas será que não seria melhor eu escrever o quanto detesto exercícios mínimos e complementares, a leitura dos intocáveis e a vestibulização de Guimarães Rosa?”.

Para os meus amigos que prestarão Fuvest no próximo domingo, muito boa sorte! Não fui capaz de derrotá-la ano passado, e às vezes me lastimo por isso. Mas quem se importa com isso hoje?
Tomem-se como senhores da prova e façam transbordar todo o conhecimento que acumularam. Prova nenhuma no mundo atreveria-se a não se curvar à segurança de um conteúdo sólido tão bem adquirido, a formação para a vida inteira!

Felicidades Eternas e, nos vemos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Viajando no voar do papel

Há uma semana, peguei-me com um grupo de amigos brincando de aviões de papel altas horas da noite. Eram desses modelos que, depois da decolagem e antes do pouso, brindam-nos com acrobacias e estripulias de literalmente tirar o fôlego e impor o sorriso, quando não, admiração.
Simples, pequenos e estranhos, estes aviões fizeram-me sentir o gostinho da liberdade no grau zero: sem instituições, sem corpo, sem asas; apenas alma e olhos na próxima curva. O vento que soprava fazia-me levitar e rodopiar pelo céu da rua Estrela Três Marias. Não era o presente que voava, mas também o ausente, o passado e o futuro. Passado de um ano atrás, futuro de um mês pra frente e presente de nem saber.
Quando o avião apontou para Campinas, aumentando minhas expectativas, logo se curvou para Assis, e rodou para Campinas novamente; quando rumou para o primeiro emprego, não se envergonhou de se virar apenas para a vida acadêmica; quando não sabia para que direção voar, manteve-se bem estabilizado aos olhos nipônicos; quando me levou longe dos meus amigos, trouxe-me perto de figuras de coração impressionante.
Teve os modelos que joguei e não voltaram; houve os que dei por perdido, mas, num ato de extrema ousadia acrobática, voltaram imponentes para a pista de pouso; confeccionei alguns defeituosos que voavam muito baixo; surpreendi-me com os tímidos, que pouca vontade tinham de voltar para a terra firme. Nessa variedade de modelos, espíritos e humor, encantei-me por um:

Quando do meio da nossa brincadeira, com um salto grande e praticamente mortal, fiz decolar esse um. E ele planou, e pairou, e girou, e curvou, e voltou, e tocou o céu; esta entidade que “não é um lugar e também não é um tempo”, e que mesmo abrigando a todos, não dá casa a ninguém. Ali, imagino eu, pela infinidade de segundos de demora do meu avião, fiquei a sentir o vento, a ver o tempo, a querer descanso, a desejar agito, a sentir trabalho, a querer amor.
O avião caiu. Eu, talvez, continue por lá.

Felicidades Eternas e, nos vemos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Muito boa vida para todos. Depois de um tempo de afastamento, ao meu ver, justificável pelo feriado prolongadíssimo da Unicamp e pelo aumento um tanto quanto excessivo de obrigações, acabado com o intervela de atualizações. Cabe, no entanto, avisar que o texto que se segue é baseado em acontecimentos da semana passada quando da minha ida à Botucatu.

Balada do amor inabalável

Pequenos atritos não proclamados, intensas alegrias escancaradas. Um feriado prolongado feito de descobertas descontínuas; e das cortinas, pendurado nos babados, surge os inesperados infiltrados na leveza dos momentos bobos; nas sutilezas das declarações, nos complexos das relações, no saber-me relacionado, no querer-me amado. Hoje tem festa no meu coração, tem balada na casa dos sentimentos, e eu já não sei se agüento mais badalações e tormentos num momento de pouca razão e muita emoção.

“Parei de escrever no meu blog porque eu ao quero tornar o meu espaço de reflexões, num cantinho de declarações.”
E foi assim que, com mais ou menos rimas, um grande amigo meu decidiu-se por tornar inativo um blog que o mesmo cultivava há mais de um ano. E eu, na contramão da sua intenção, venho registrar o já comprovado: o meu imenso amor por alguém especial. O que vou dizer, portanto, não deixa de ser uma declaração o que, para você, caro leitor, pode ser uma encheção.
“Algo de extraordinário aconteceu!”, pergunta-se o ledor mais ansioso. Não. Na verdade, passei incríveis 72 horas na feliz e acadêmica Botucatu.Muito bem recebido na República Tamar, vi as genuínas travessuras e gostosuras do dia das bruxas, rodeado por fadas. Muita mágica... “Acho é pouco!”, né, Dorré.
Contudo a descoberta mais fantástica não veio do “lots of fun” e sim do “Te quiero”. Como eu já disse, não que eu não soubesse, não que eu já não sentisse, mas os momentos banais, colocar minha comida ou prezar pelo meu conforto, por exemplo, mostraram o quanto sou amado e o quanto eu amo. E somente e especificamente pela minha namorada bonitinha, e sim e também pela minha grande amiga. Já de tantos anos, menina Mitiko mocinha.

Desculpem-me pela exposição de um assunto tão particular, mas era necessário que esse sentimento que perpassa o meu coração se concretizasse... em escrita, por meio de uma ação.

Felicidades Eternas e, nos vemos.