terça-feira, 23 de julho de 2013

Juan Dias, o Dia!


Juan, o dia, era apenas um adolescente de sete horas e cinquenta e oito minutos de idade. Até então havia vivido uma infância de privações. Filho do medo da noite, até aquele momento conhecia apenas sombras e gente muito estranha.

Não foi, porém, sem dificuldade, que ele sentara ali naquela grama ainda molhada de orvalho, para pensar que seu aniversário chegaria logo – dali a dois minutos. Estava, pois, mais do que na hora para que ele decidisse o que exatamente ele iria querer ser para o resto de sua vida: mais um dia nublado, modorrento, comportando-se como alguém decidido a atrapalhar a vida dos outros; ou um dia bem sucedido, ensolarado, rebento, daqueles que chegam às sete da noite com saúde e lucidez suficientes para reviver as horas obscuras não como depressão, mas como um envelhecimento saudável e intelectualmente bem resolvido.

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O relógio apitou às 8h. Aniversário! Hora de comemorar mais uma hora de vida na vida de Juan Dias. Ou não!

Um comentário:

Leandra Marcondes disse...

Eu achei muito intrigante esse texto!
Muitas vezes nos deparamos nessa encruzilhada sobre o que/quem ser na vida, se queremos uma vida tranquilha ou se queremos sucesso, se queremos ser um dia nublado ou um dia ensolarado.... Esse foi o meu entendido... mas eu adorei a sua imaginação nesse texto! muito bom!!
Grande abraço, Ale!