Juan,
o dia, era apenas um adolescente de sete horas e cinquenta e oito minutos de
idade. Até então havia vivido uma infância de privações. Filho do medo da
noite, até aquele momento conhecia apenas sombras e gente muito estranha.
Não
foi, porém, sem dificuldade, que ele sentara ali naquela grama ainda molhada de
orvalho, para pensar que seu aniversário chegaria logo – dali a dois minutos.
Estava, pois, mais do que na hora para que ele decidisse o que exatamente ele
iria querer ser para o resto de sua vida: mais um dia nublado, modorrento,
comportando-se como alguém decidido a atrapalhar a vida dos outros; ou um dia
bem sucedido, ensolarado, rebento, daqueles que chegam às sete da noite com
saúde e lucidez suficientes para reviver as horas obscuras não como depressão,
mas como um envelhecimento saudável e intelectualmente bem resolvido.
***
O relógio apitou às 8h. Aniversário! Hora de comemorar mais uma hora de vida na vida de Juan Dias. Ou não!
Um comentário:
Eu achei muito intrigante esse texto!
Muitas vezes nos deparamos nessa encruzilhada sobre o que/quem ser na vida, se queremos uma vida tranquilha ou se queremos sucesso, se queremos ser um dia nublado ou um dia ensolarado.... Esse foi o meu entendido... mas eu adorei a sua imaginação nesse texto! muito bom!!
Grande abraço, Ale!
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