Amaro, de resolução feita, envia o seguinte bihete ao Cônego Dias, seu cúmplice cotidiano.
"Meu caro padre-mestre. - Treme-me a mão ao escrever estas linhas. A infeliz morreu. Eu não posso, bem vê, e vou-me embora, porque, se aqui ficasse, estalava-me o coração. Sua excelentíssima irmã lá estará tratando do enterro... Eu, como compreende, não posso. Muito lhe agradeço tudo... Até um dia, se Deus quiser que nos tornemos a ver. Por mim conto ir para longe, para alguma pobre paróquia de pastores, acabar meus dias nas lágrimas, na meditação e na penitência. Console como puder a desgraçada mãe. Nunca me esquecerei do que lhe devo, enquanto tiver um sopro de vida. E adeus, que nem sei onde tenho a caebça. - Seu amigo do C. - Amaro Vieira."
"P.S." - A criança morreu também, já se enterrou".
[O crime do padre amaro, Eça de Queirós]
A TV não para de noticiar. O goleiro Bruno e o Padre Amaro acabam de ser levados à delegacia de homicídios.
Nos vemos.
Um comentário:
forte o bilhete, hein? Não sou muito fã do Eça, mas talvez "O crime do padre Amaro" seja mais um dos obrigatórios ... vc recomenda? []s
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