terça-feira, 29 de novembro de 2011

Na loja de eletroeletrônicos...!

Certamente ele não era um comprador. Estava ali na loja mais ou menos como estão todos: apertando aleatoriamente os botões disponíveis e ouvindo desinteressado trinta segundos de músicas dos discos das prateleiras.

O tablet da Apple parecia verdadeiramente atraente. Já se via possuidor de um daqueles. E via também a expressão de impressionado que seu cunhado faria quando ele tirasse da capinha o brinquedo recém adquirido.

Ele não parecia ter mesmo intimidade com as tais novas tecnologias. Tanto que mexia no Ipad mais ou menos da mesma forma como quando se busca uma caneca para dar de amigo nas confraternizações de firma de fim de ano.

Apertou, sem querer, o ícone da galeria de fotos. Ali achou certa graça ao ver desconhecidos fotografados em seus trajes de domingo, que sorriam para fotos as quais provavelmente nunca mais veriam. Passou umas quarenta daquelas imagens, até que se deparou com três ou quatro vídeos de 9 segundos, filmados certamente no susto de outros pares que também lidavam mal com tecnologias como aquela.

Quando estava prestes, contudo, a deixar de lado o aparelho, clicou naquele que seria o seu último vídeo:

“Olá! Meu nome é Roberto! Não acho que alguém vá assistir a esse vídeo. De qualquer forma, fica aqui registrado. Não aguento mais essa m... de vida! Espero que vocês consigam suportar suas existências de 70, 80 anos... a minha já me fica bem aqui pelos vinte e poucos... Não vou falar mais porque ninguém entenderia mesmo... Nos vemos!”

Ainda assistiu ao vídeo mais uma vez. Em seguida, voltou para casa para fazer os exercícios da apostila do curso de Espanhol...


Nos vemos.

sábado, 12 de novembro de 2011

Estilhaços

Largadamente jogado.
Não me consigo ser perfeito mesmo.

Muitos papéis espalhados.
Mas o prazer pesa a frágil cama.
Afirma a desimportância das coisas todas.
Pela janela, a brisa anuncia gostosamente a chuva.

Mesmo no blog da redação do UOL ela já havia sido anunciada.
Evidentemente há muitas coisas por fazer.
O violão, os samples, e a fúria das guitarras imobilizam as providências.
De repente, o preenchimento.

Livros largados.
O filme no pause.
Pratos arbitrariamente se acumulando...


De qualquer forma, melhor sorrir agora.

Evidentemente isso não foi um poema. Isso... só aos trinta mesmo!

Nos vemos.