Augusto Mendes Ribeiro
No dia em que Augusto Mendes Ribeiro morreu, eu fiquei verdadeiramente triste. Ele era uma ótima companhia. Sobretudo para os momentos ruins! Quando eu estava quebrando a casa porque certa mulher não mais me procurava, ele aparecia com pinga, numa garrafa pet de 600 ml e me convidava a beber até morrer. Eu - evidentemente - bebia duas ou três doses e morria. Ele, quando eu 'ressuscitava' no dia seguinte, parecia ter passado a noite assistindo a filmes cults e comendo alimentos à base de soja.
Eu acho que fazia bem às minhas mediocridades ver o quão bem Augusto Mendes Ribeiro vivia como gente simples.
Aí ele morreu. De verdade. Nem foi da bebida. Até onde sei, parece que foi um atropelamento. Ele também não foi o culpado. Parece que o motorista - esse sim embriagado - avançou no farol vermelho. Às quatro da tarde! Aí ele morreu. Meio na hora, meio no hospital.
Eu acho que pessoas como o Augusto Mendes Ribeiro nem deveriam morrer. Eu deveria! Eu complico demais as coisas; tento adivinhar o futuro; preocupo-me exageradamente com minha imagem; aprendo coisas que nem são pra mim; tenho preguiça... e por aí vai... Já o Augusto Mendes Ribeiro vivia muito bem na sua simplicidade. E se agora ele morre - meio velho, meio novo, meio bêbado, meio bom, meio pobre, meio paupérrimo -, morre como um ser humano inteiro, que a vida toda não se preocupou em forjar as suas metadinhas, senão sendo.
Eu nem sei se adianta essa coisa de dizer em voz alta com fé. Ultimamente tanto a voz alta como a fé têm me faltado. De qualquer forma, Augusto Mendes Ribeiro merece toda a minha metade não afetada por mim: descanse em paz, meu bom amigo!
Nos vemos.
2 comentários:
não gostei, melancolia não combina com vc...
Alê!
amei!
você simplesmente foi maravilhoso como escritor deste texto. O que eu vejo aqui, é uma tradução.Nela, muitas coisas eu sinto também. Obrigada por encher minha noite com esse belo texto.
nos vemos.
Lee
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