quinta-feira, 3 de maio de 2007

Guardei o e-mail no rascunho

Primeiro que nem sabia ligar o computador. Abandonei a idéia de digitar a minha carta de amor e enviá-la por e-mail. A intenção é que fosse anônima, mas para isso deveria criar uma conta alternativa; se já me era difícil saber quais e quantos aparelhos eu deveria ligar para fazer o computador funcionar, imagina criar um 'endereço eletrônico'...
A carta parecia-me bem escrita. A letra bela, mesmo tendo a folha de fichário branco como substrato. O conteúdo era elogioso, e elogiava de forma clara, objetiva; sem apelar para um sentimentalismo caduco ou romântico. Não era extensa; talvez, penso eu, o suficiente para provocar uma leitura ansiosa, leve – furiosa, breve.
No entanto, se as dúvidas e receios não me assaltaram no momento da escrita, tomaram-me agora, à gola, sufocando-me enquanto pensava o meio mais eficaz de fazê-la chegar à mão da destinatária.
Carta impressa, fonte "Times New Roman", tamanho 12? E onde apareceriam meus traços de personalidade? Meus ex-quase-erros futuros de caligrafia, os quais retificaria forçando o bico da bic, ou aniquilando-os por completo, sob a massa opulenta do 'branquinho'?
O certo, o correto, seria uma carta escrita à mão; mas quantas das mulheres de hojes, virtuais ou/e atuais, gostariam de receber um envelopim enfeitadim, contendo um palavreado delicado, dedicado a (não) explicitar um sentimento já implícito?
E a carta, ou melhor, a declaração clássica do amor, é algo desnecessário para as mulheres nos dias de atualmente? Quando o homem pensa estar revelando o segredo do universo é porque já foi o tempo da mulher descobri-lo, gostar, desgostar e se achar voando por outros campos ou lendo cartas em outros cantos.
E a minha carta? O que ela seria na história do homem? Minha intenção é que a mocinha gostasse, apreciasse a minha quase atitude. Mas na história da humanidade, com tantos Joões, Clarices e Andrades, os meus escritos não resultariam em nada.
Não resultaram. Não a entreguei. Namorei, mas não fui namorado.

Felicidades eternas e, nos vemos.

3 comentários:

Sue Ellen disse...

Acredito que todo blogueiro teve (ou tem um diário), com "frases azuis" como diria o Nando Reis..se não teve um diário, tinha um confidente real, a quem escrevia por cartas.
Eu, pessoalmente, sempre tive uma confidente de cartas,nelas eu sentia liberdade, podia dizer sem ser interrompida..e quantas cartas já não ficaram perdidas no meio dos meus cadernos.
Escrevo-as até hj. Mando-as? Nem sempre.. mas, queria que alguém me dissesse que não se emocionaria ao rceber uma carta, por mais singela que fosse mesmo nesse mundo de "ctr+alt+del"..
Adorei seu texto.. me identifiquei demais!!!
Parabéns!! Bjusss

Milene disse...

Sobre cartas às mulheres sabe minha opinião
Sobre as mulheres creio que também saiba
Sobre os homens nem tanto
Sobre o amor, sim
Sobre a carta, eu sabia
Sobre a entrega não...

Anônimo disse...

Peixe said... (já que eu não tenho ID, né)

Bom...já tentei escrever vezes demais algo aqui. Sendo assim, acho bonito o que escreveu, mas sou velho demais, acredito.
Prefiro em papéis com escritos rabiscados (do tempo em que nem existia o 'branquinho' ou que não se tinha dinheiro pra compra-lo). Acho que transmite mais sobre vc...sei lá...
bjos...t+