quarta-feira, 23 de maio de 2007

A grave greve e o grave estudante

O momento é, no mínimo, interessante. Com os decretos de início de ano do governador Serra, a comunidade universitária das universidades públicas paulistas tem vivido dias de intensa movimentação. Discussões, debates, assembléias, filmes, piquetes e as mais diversas formas de manifestação ganharam corpo e visibilidade dentro de um cotidiano que há muito tempo se caracterizava apenas por provas, aulas e pesquisa.

Na universidade de Campinas (UNICAMP), o clima de conscientização tem sido construído desde o início do semestre, com atividades na recepção dos calouros, e tentativas dos mais diversos espaços de discussão com todos os alunos de graduação e pós. Se, por muitas vezes, o que se viu – ou que não foi visto – foi a participação dos estudantes, opinando ou escutando, outras, e notadamente nas últimas semanas, a impressão que se tem é que os espaços para reflexão sobre o que está acontecendo com a educação no ensino superior estão cada vez mais lotados.

É nesse momento, portanto, que se deve colocar, talvez, as questões de mais relevância para os privilegiados estudantes de universidades públicas no país.

Justo ou não, os freqüentadores das salas de aula da USP, UNICAMP ou UNESP ganharam o direito de estudar nessas instituições quando da sua qualificação nos exames seletivos. Partindo-se dessa prerrogativa, não há dúvidas da existência de direitos e deveres desses mesmos estudantes para com o desenvolvimento do país, a partir daquilo com o que se ilustram nas instâncias da universidade brasileira. Nesse sentido, frente ao que se está considerando como o mais grave ataque à autonomia das universidades públicas desde o período de ditadura militar, é imprescindível notar o movimento de esclarecimento, ou pelo menos de “des”alienação, dos estudantes e a capacidade de mobilização e organização dos mesmos para questionar ou se posicionar de forma contundente com relação às últimas decisões – no que se refere à educação - dos estratos governamentais estadual.

Com duas reitorias invadidas, paralisações pontuadas por atividades de conscientização, e – deve-se ressaltar novamente – um número sem igual de assembléias lotadas, pode-se dizer que o movimento estudantil no Estado de São Paulo começa, mesmo que de forma pressionada, dar sinais de revitalização, após longos anos de marasmo ou desarticulação.

Quais serão os resultados ou o que será da luta atual encampada – derrubada dos decretos do governador – ainda não se pode prever. Contudo, e é importante que a sociedade de modo geral observe, os estudantes têm plena consciência do que está acontecendo com a educação nesse país, e, principalmente, do que podem fazer para impedir aquilo que trabalha de forma maquinal por uma verdadeira deseducação.

Felicidades eternas e, nos vemos.

terça-feira, 15 de maio de 2007

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Guardei o e-mail no rascunho

Primeiro que nem sabia ligar o computador. Abandonei a idéia de digitar a minha carta de amor e enviá-la por e-mail. A intenção é que fosse anônima, mas para isso deveria criar uma conta alternativa; se já me era difícil saber quais e quantos aparelhos eu deveria ligar para fazer o computador funcionar, imagina criar um 'endereço eletrônico'...
A carta parecia-me bem escrita. A letra bela, mesmo tendo a folha de fichário branco como substrato. O conteúdo era elogioso, e elogiava de forma clara, objetiva; sem apelar para um sentimentalismo caduco ou romântico. Não era extensa; talvez, penso eu, o suficiente para provocar uma leitura ansiosa, leve – furiosa, breve.
No entanto, se as dúvidas e receios não me assaltaram no momento da escrita, tomaram-me agora, à gola, sufocando-me enquanto pensava o meio mais eficaz de fazê-la chegar à mão da destinatária.
Carta impressa, fonte "Times New Roman", tamanho 12? E onde apareceriam meus traços de personalidade? Meus ex-quase-erros futuros de caligrafia, os quais retificaria forçando o bico da bic, ou aniquilando-os por completo, sob a massa opulenta do 'branquinho'?
O certo, o correto, seria uma carta escrita à mão; mas quantas das mulheres de hojes, virtuais ou/e atuais, gostariam de receber um envelopim enfeitadim, contendo um palavreado delicado, dedicado a (não) explicitar um sentimento já implícito?
E a carta, ou melhor, a declaração clássica do amor, é algo desnecessário para as mulheres nos dias de atualmente? Quando o homem pensa estar revelando o segredo do universo é porque já foi o tempo da mulher descobri-lo, gostar, desgostar e se achar voando por outros campos ou lendo cartas em outros cantos.
E a minha carta? O que ela seria na história do homem? Minha intenção é que a mocinha gostasse, apreciasse a minha quase atitude. Mas na história da humanidade, com tantos Joões, Clarices e Andrades, os meus escritos não resultariam em nada.
Não resultaram. Não a entreguei. Namorei, mas não fui namorado.

Felicidades eternas e, nos vemos.